A proposta é revestida de uma linguagem técnica e aparentemente neutra, mas sua consequência prática é clara: limitar o acesso a terapias necessárias, sob o argumento de que apenas os procedimentos listados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) são obrigatórios. Na prática, o que está em jogo é o direito ao cuidado integral — um direito que não pode ser relativizado.
O Brasil tem avançado, mesmo que lentamente, no reconhecimento dos direitos das pessoas autistas. Entre as conquistas recentes estão a inclusão escolar, o acesso a terapias multidisciplinares, o reconhecimento do laudo permanente e a atenção integral à saúde. Agora, tudo isso corre risco com a tentativa de restrição imposta pelos interesses econômicos dos grandes grupos de saúde suplementar.
Não há justificativa ética, legal ou social para retroceder. Direitos não são privilégios. E não se pode restringir acesso à vida digna com base em planilhas de lucro.
É importante lembrar que os planos de saúde registraram lucros históricos nos últimos anos. Segundo dados da ANS:
Ou seja, mesmo com lucros bilionários e aumentos abusivos nos contratos, os planos de saúde seguem tentando cortar direitos por meio da política.
Pessoas com TEA não podem esperar. Os tratamentos muitas vezes exigem uma abordagem multidisciplinar, intensiva e contínua — psicólogos, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, entre outros profissionais especializados. A tentativa de tornar essa assistência “opcional”, dependendo da boa vontade dos planos, é inaceitável.
Não se pode colocar a vida de uma criança, de um jovem ou adulto autista nas mãos de diretores financeiros de operadoras de saúde.
Nos posicionamos de forma clara: o rol da ANS deve continuar sendo exemplificativo, e não limitador. O que não está escrito no papel pode ser justamente o que salva ou transforma uma vida.
Exigimos que o Congresso escute as famílias, escute os profissionais da saúde e escute a realidade. Retrocesso não é política pública. É omissão.
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